Preparando os professores para a Educação Inclusiva – um conjunto de vídeos do Lesoto
“Este vídeo mostra como se pode desenvolver a capacidade dos professores para responderem às necessidades das crianças deficientes – mesmo num país com recursos mínimos.”
O Dr. Nithi Muthukrishna e a sua colega Mrs Thabi Ntombela ensinam no Departamento de Educação, Universidade do Natal, Durban, África do Sul. O título de um dos cursos necessários para se obter o Diploma de Superior em Educação é “Diversidade em Educação”. Trata-se dum curso de pós-graduação, com a duração de um ano, destinado aos novos professores. “As “Necessidades Especiais em Educação” são ensinadas dos cursos pós-graduados (níveis BEd e MEd) para professores em exercício. Apresentamos aqui uma entrevista feita ao Dr. Nithi pelo EENET sobre a utilidade dos vídeos do Lesoto nas suas aulas.
Como teve conhecimento do conjunto de vídeos do Lesoto?
Tive conhecimento deles através do Roy McConkey. Ele produziu este material com Lineo Phachaka, o Director da Unidade de Educação Especial no Lesoto, e com a Lilian Mariga, Consultora do SCF(1) junto do Ministério da Educação, para a educação especial e inclusiva.
(1) Save Children Fund
Qual a utilidade do vídeo no seu trabalho como formador de professores?
Considerámo-lo extremamente importante porque demonstra a prática da educação inclusiva num contexto semelhante ao da áfrica do Sul. O aspecto mais importante da experiência do Lesoto consiste na forma como sublinha o papel que pode ser realizado pelos professores e pela gestão da escola (os nossos estudantes!) – não só no desenvolvimento da escola inclusiva, mas também das comunidades inclusivas. Permite, ainda, verificar a actuação dos professores e dos gestores das escolas na introdução de programas de formação de professores baseados na escola.
Dispõe de outros materiais em vídeo para as suas aulas?
Um dos problemas com que nos temos debatido, ao longo dos anos, é a falta de literatura e de materiais de formação provenientes de países do Sul. Todos os outros vídeos tinham sido feitos nos EU, no Reino Unido, no Canadá, na Austrália e na Nova Zelândia. Referem-se a modelos de serviços e de apoio altamente especializados e dispendiosos, em que as respostas às necessidades das crianças deficientes se baseiam na intervenção de especialistas. Estes contextos estão a uma enorme distância dos desafios com que aqui deparamos. Na áfrica do Sul, 90% das crianças deficientes, especialmente as das zonas rurais, não têm acesso à educação. O número reduzido das escolas especiais, altamente dispendiosas, situadas essencialmente nas zonas urbanas, não respondem às necessidades da maioria das crianças deficientes. Uma prioridade urgente consiste em proporcionar educação a estas crianças que estão fora da escola e encontrar modelos inovadores para os fazer entrar no sistema.
O que é que aprendeu de mais importante a partir deste vídeo?
O vídeo mostra o processo global de organização de escolas inclusivas; um estudo de viabilidade; o desenvolvimento de materiais educativos; escolas piloto; compreensão sobre a deficiência e desenvolvimento da nova política. Mostra como os professores podem desenvolver a sua participação no currículo e minimizar a exclusão do mesmo currículo. Mostra ainda como os professores podem desenvolver as seguintes competências: identificação precoce; adaptação curricular; Braille, língua gestual e capacitação dos pais a ajudarem os seus filhos com deficiência. As histórias dos professores são extremamente importantes.
A transformação do sistema educativo foi iniciada por um pequeno número de trabalhadores empenhados, com recursos muito limitados. Afastaram-se do modelo baseado na intervenção de especialistas e fizeram um óptimo uso dos recursos existentes, tais como as escolas especiais. Está, igualmente, realçada no vídeo, a importância de fazer partilhar estas ideias por todos os financiadores. Utilizam-se os recursos humanos da comunidade e promove-se a colaboração entre pais, professores, escolas especiais, organizações de pessoas deficientes, universidades, escolas de educação, ONG’s representativas da Saúde e da Acção Social. Fiquei especialmente impressionado com a forma como as escolas superiores de educação e as universidades tomaram parte neste processo – e como o seu envolvimento se traduziu numa transformação da formação de professores. Os nossos estudantes ficaram muito impressionados com a força com que as mulheres Africanas falam da sua própria experiência.
Lesoto é um país vosso vizinho, situado na áfrica do Sul. Será que existe alguma colaboração entre a Universidade do Natal e o programa da EI do Lesoto?
Não existe uma colaboração formal, mas convidámos a Lilian Mariga e o Lineo Phachaka para fazerem uma comunicação, num seminário recente. Começámos um programa piloto chamado “Desenvolvendo uma Política e Práticas Inclusivas Sustentáveis”. Trata-se dum projecto de investigação com a duração de 3 anos que vai ser realizado em colaboração com a índia, o Brasil e o Reino Unido e envolvendo escolas inclusivas. Em Março de 1999 organizámos um seminário com a duração de uma semana para 23 escolas do distrito rural de Kwazulu-Natal. Participaram um professor e o director de cada escola. O nosso modelo de inclusão que é local e baseado na escola, responde a todas as barreiras que se colocam face à aprendizagem e ao desenvolvimento e que excluem os alunos da cultura e do currículo da escola. A deficiência é uma das questões que ê encarada, uma vez que a maioria dos alunos com deficiência, neste contexto rural, não têm acesso à escola.
Será que recomenda o vídeo a outros?Would you recommend the video to others?
Sim – todas as pessoas envolvidas na educação inclusiva deveriam ter um.
Nithi Muthukrishna pode ser contactado em: Department of Education University of Natal, Durban, Postbag x 10, Dalbridge, South Africa 4014, Durban Email: Muthakri@mtb.und.ac.za “Preparando os Professores para a Educação Inclusiva” pode ser requisitado ao EENET por um preço de £30.00, destinado às organizações “North-based” e North-funded”. Pode mandar-nos os seus materiais educativos em troca do conjunto de vídeos. O manual está disponível no site do EENET.