Uma Escola Para Todos: O Desenvolvimento de Práticas Inclusivas na Nicarágua
Desiree Roman Stadthagen
O Ministério da Educação, Cultura e Desportos da Nicarágua lançou um projecto no fim de 1998, como parte do Programa da UNESCO “Escolas Inclusivas e Apoio Comunitário”. O projecto tem por objectivo analisar o desenvolvimento de práticas inclusivas em três escolas públicas elementares em Manágua e Leon, sendo duas delas localizada numa área urbana e uma numa área rural. O programa visa o desenvolvimento nestas escolas de uma cultura de avaliação reflexiva, colaboração e formação, tendo em vista o seu desenvolvimento e a capacitação dos professores em responder à diversidade dos alunos.
O projecto visa identificar escolas que sejam bons modelos que conseguem promover um ensino eficaz e a aprendizagem de todas as crianças. O projecto piloto está a explorar novos meios de valorizar os professores e de lhes levantar o moral através dos desafios que representam esta caminhada. O projecto pretende, também, desenvolver as competências das direcções escolares.
Os critérios que presidiram à selecção das escolas foi o interesse do director em participar no projecto, o empenhamento dos professores e a existência de qualidades de liderança, de incitava e de criatividade. Para além disso, o projecto identificou escolas que faziam parte dum projecto mais vasto do Ministério da Educação relacionado com o acompanhamento das reformas curriculares no ensino primário. Por conseguinte, estas escolas receberam mais formação e apoio.
A formação baseou-se no Conjunto de Materiais para a Formação de Professores da UNESCO “Necessidades especiais na sala de aula”. A equipa coordenadora também desenvolveu instrumentos que suscitaram reflexão sobre as práticas de ensino. Os objectivos do primeiro seminário consistiram em prestar informação sobre a educação inclusiva e de elucidar os participantes sobre a metodologia da investigação acção. Participaram no seminário directores, professores e pais das escolas seleccionadas assim como delgados do Ministério da Educação, Cultura e Desportos.
Um outro seminário visou o apoio aos professores na sua acção de investigação acção. A formação proporciona processos de reflexão sobre questões relacionadas com aspectos da a sua prática que pretendem melhorar. Facilitamos também a realização de seminários sobre temas educacionais que os preocupam e organizamos reuniões entre as três escolas para troca de experiências.
Uma fonte de experiência para a equipa coordenadora tem sido a forma como se suscita a reflexão entre os professores em vez de lhes ser dita a forma como devem orientar o seu ensino. Estar envolvido nesta acção de investigação acção tem sido um desafio para os directores e professores destas escolas seleccionadas A reflexão não tem constituído uma prática comum. Os professores têm aprendido a identificar problemas da escola que os preocupam, a estudá-los e a avaliar os resultados da sua acção. Tem sido muito útil para eles analisar as situações com maior profundidade e analisar as dificuldades dos alunos na escola segundo uma perspectiva mais ampla. Estão a aprender a observar o comportamento das crianças de forma mais precisa e num contexto mais vasto.
Um ganho maravilhoso e inesperado foi a resposta dos directores depois do primeiro seminário: ficaram tão sensibilizados que incluíram imediatamente nas suas escolas crianças com deficiência existentes nas suas áreas. Este episódio é tanto mais significativo quanto não existe ainda nenhuma política ou lei que suporte a educação inclusiva. No entanto, desde 1990, temos integrado crianças com deficiência em escolas regulares graças à boa vontade dos professores.
Este mês de setembro, iniciámos um projecto destinado a apoiar estas escolas com o apoio técnico duma organização não governamental intitulada CISAS: “Centro de informação e Serviços de Assessorai em Saúde” e com o apoio financeiro do Save the Children da Suécia. Foram formados professores das escolas piloto seleccionadas e de uma escola especial na estratégia “Criança-a-Criança” como meio de ajudar o desenvolvimento da escola inclusiva. Dentro de duas semanas vamos ter crianças que experimentaram esta estratégias a orientar um seminário para as crianças das quatro escolas acima mencionadas. Não temos dúvidas que estas crianças serão elementos catalisadores da mudança de atitudes das suas escolas e comunidades em relação às pessoas com deficiência. Para além disso, iniciámos um programa de radio chamado “Criança-a-Criança no Ar” em que crianças com diferentes capacidades e inCAPACIDADES exprimem as suas +preocupações, sonhos e projectos.
A nossa experiência actual mostra que parte do sucesso do nosso projecto sobre educação inclusiva se baseia na consciência gradual das praticas de ensino. Esperamos identificar, através do projecto piloto da UNESCO, as estratégias e os processos duma “Escola para Todos”, de modo a desenvolver escolas efectivas para todos na Nicarágua.
Desiree pode ser contactada e:
PO BOX 14 Jinotepe, Nicarágua
Email: desireeromans@hotmail.com