Educação para Todos: O Desafio
Este número especial do boletim do EENET, Promovendo a Educação, foca os esforços pioneiros empreendidos por educadores, pais, membros da comunidade, pessoas com deficiência e políticos da ásia, áfrica e América do Sul para tornar a educação uma realidade em relação às crianças que têm sido marginalizadas no âmbito das iniciativas da Escola Para Todos.
Em Abril tem lugar o Congresso Mundial de Dakar em que se vai avaliar o progresso realizado ao longo dos últimos dez anos em relação aos objectivos da Educação Para Todos. Apesar de inúmeros planos e discussões, a situação que surge é negra.
A terrível realidade é que cerca de 125 milhões de crianças em idade de escolaridade primária ainda não estão na escola, sendo dois terços do sexo feminino. Outros 150 milhões de crianças saem da escola sem terem concluído os primeiros cinco anos de escolaridade primária. Entretanto, mesmo nos países economicamente desenvolvidos, para muitas crianças, o seu envolvimento na educação é claramente decepcionante.
O EENET constitui uma rede de informação de pequena escala empenhada em promover a participação na educação dos grupos de marginalizados em todo o mundo. Está particularmente centrado naquelas crianças que habitualmente ficam excluídas das oportunidades educativas. O seu objectivo é apoiar todos os que desenvolvem iniciativas que irão permitir que todas as crianças experimentem os benefícios duma educação significativa e enriquecedora. A nossa opinião é que o isolamento resultante da falta de informação constitui um factor de marginalização que empobrece ainda mais os grupos excluídos.
Através das páginas desta edição especial do EENET vimos, assim, desafiar os leitores a considerar seriamente as questões de marginalização em relação com a agenda da Educação Para Todos.
Ao fazermos este desafio, pretendemos chamar a atenção para o extenso leque de grupos que estão marginalizados em diferentes partes do mundo. Por exemplo chamamos a atenção para as crianças dos meios economicamente desfavorecidos, particularmente os de grupos étnicos minoritários; as que pertencem a famílias ciganas; as crianças nómadas; e, certamente, as crianças com deficiência que são excluídas de muitas das oportunidades educativas, mesmo no mundo dito desenvolvido. Um problema inerente ao termo hoje em moda “educação inclusiva” é que ele é entendido muitas vezes como fazendo parte das políticas da educação especial. Demasiadas vezes, isto desvia a atenção das pressões exclusivistas exercidas sobre a sociedade e as escolas. Nós argumentamos que a Escola Para Todos deve tentar ser mais inclusiva, promovendo a educação para todos os grupos da sociedade. Partindo destes conceitos, este número apresenta histórias sobre actividades comunitárias que podem ajudar a inserir as políticas educativas no movimento da Escola para Todos. O programa ABEK na região de Karimajong está a complementar com sucesso a política radical do Uganda relativamente à educação primária universal. Neste contexto, vamos conhecer através de um deputado surdo (o que acontece pela primeira vez), as tentativas que têm sido feitas no sentido de proporcionar educação a todas as crianças com deficiência. Outras histórias do Bangladesh e do Mali, revelam formas de tornar a educação mais flexível e significativa em relação às necessidades e estilos de vida das comunidades rurais. Todos os artigos demonstram os efeitos de marginalização causados pela pobreza e sublinham a criatividade e a inovação das chamadas “comunidades pobres”.
Ultrapassar as barreiras que se opõe à inclusão e à Escola para Todos constitui um ema que une todos os colaboradores deste número especial. Estão a ter lugar iniciativas extraordinárias ao nível comunitário, no âmbito da Escola para Todos , em circunstâncias muito difíceis e apesar do insucesso aparente de tantos esforços internacionais visando o desenvolvimento da educação. O desafio da Escola para Todos é aprender lições dadas por estas incitavas de base comunitária e proporcionar-lhes mais apoio no futuro.