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Ultrapassando as barreira à Inclusão em Duentza, no Mali

Sue Stubbs

Em Janeiro de 1997, o Save the Children Funda (SCF) do Reina Unidao estabeleceu um processo de consultas entre o governo, os países doadores. As ONG e as comunidades das aldeias com o fim de tornar a escolaridade mais acessível para todas as crianças . O acesso à escolaridade faz parte dum conjunto de medidas que visam desenvolver os meios de combate às pressões da pobreza que afecta as crianças das aldeias. Este artigo mostra como a educação inclusiva pode ser apoiada numa das áreas mais pobres do mundo e como podem ser ultrapassados os desafios imensos de ordem ambiental, climatérica, económica e material.

Duentza está a nove horas de distância por automóvel da capital, Bamako, e é o concelho mais pobre de Bamako – 90% da +população vive abaixo do limite de pobreza. No Norte, o deserto do Sahara está a expandir-se a chuva a diminuir. A combinação destas condições aumentam a vulnerabilidade à fome e à seca. 87% das crianças de 7 anos têm pesadas Responsabilidades de trabalho que as ocupa 6 horas por dia, trabalhando as raparigas mais horas. O trabalho infantil é considerado como educativo e como uma forma de socialização. Permite-lhes a aquisição de aprendizagens que lhe permitirão garantir a sua sobrevivência e a dos seus pais e contribuir para a comunidade.

O Mali tem uma história e uma cultura importantes. Originou académicos em islamismo, músicos de renome mundial e nela se situam cidades históricas tais como Tombuctu. Mali é o principal produtor de algodão da áfrica Sub-Saariana e tem orgulho no seu regime democrático. Os seus variados grupos étnicos vivem em conjunto numa relativa harmonia.

Em Duentza há unicamente 17 escolas em 255 aldeias e só 8% das crianças frequentam a escola, sendo a percentagem de escolarização, a nível nacional, de 44%. O governo gasta 24% do seu limitado orçamento em educação, mas não tem meios apara garantir a educação para todas as crianças. Há ainda diversos problemas na actuais orientações governamentais. O horário escolar é rígido, os professores estão sobrecarregados e são mal pagos, o ensino processa-se em francês, a aprendizagem de cor é generalizada e a percentagem doe abandono escolar é muito alta.

O estudo realizado pelo SCF revelou que 70% das crianças e adulto teriam preferido um futuro diferente do que tiveram os seus pais. Os camponeses queriam que os seus filhos fossem á escola, Sem um educação escolar as crianças têm muito poucas possibilidades de escapar a uma vida rural de pobreza. No entanto todos concordavam que a escolaridade e o trabalho não deveriam ser vistas como intrinsecamente exclusivos e que a escolaridade deveria ajustar-se às condições da aldeia e que as crianças deveriam poder ir á escola duas vezes por dia vindo a casa par almoçar.

Formaram-se comités de escola que se treinaram em duas aldeias e foram estabelecidos princípios orientadores. Pessoas das comunidades foram designadas como professores. O currículo escolar e os materiais foram adaptados pelas pessoas da aldeia no sentido de reflectir as experiência das crianças. A comunidade concordou em construir duas salas de aula no primeiro ano e depois mais uma por ano até que houvesse seis salas de aula. Os pais contribuíram para o pagamento dos salários dos professores. O SFC apresentou como condições não negociáveis a igualdade entre rapazes e raparigas e a inclusão de alunos com deficiência.

Um factor que contribuiu para o sucesso desta política de igualdade de oportunidades foi a colocação duma mulher em cada comité organizador.

As barreiras que estão na base da exclusão das crianças com deficiência não são deforma alguma específicas destas crianças – no entanto há questões próprias à inclusão destas crianças.

Uma ONG internacional especializada, a “Action on Disability and development”, foi envolvida desde o início neste processo. A ADD apoia o desenvolvimento das organizações de Pessoas com deficiência e promove os direitos das pessoas com deficiência no contexto da sua cultura local. O seu representante em Bamako, visitou Douentza no início de 1998 a fim de realizar uma avaliação e de consciencializar as pessoas sobre as questões ligadas á deficiência. Isto permitiu os comités ecoares identificar as crianças deficientes em idade escolar que podiam ser matriculadas na escola. Fez-se uma revisão deste estudo em abril de 1999 que avaliou os pontos fortes e fracos do programa em termos do seu impacto na vida das crianças (Veja-se o quadro com o sumário destes resultados).

Um total de 11 crianças de 9 aldeias começou a frequentar a duas escolas comunitárias. Nestas incluíam-se crianças com problemas de mobilidade, deficiência visual e deficiência auditiva. Na ocasião da revisão. 8 continuavam a frequentar a escola e consideravam-se que estavam incluídas com sucesso. Duas crianças abandoaram por terem rebito os triciclos que lhes tinham prometido, o que foi culpa das ONG. A outra crianças que abandonou era uma criança surda. Os pais acharam que ela não estava a prender nada e prefiram ocupá-la com trabalho doméstico. Não ficou clara qual a situação das crianças com problemas de aprendizagem.

Olhar de forma específica para as crianças e adultos com deficiência não á alg9o que seja realizado de forma espontânea pelas comunidades. Isto não se deve ao facto de acharem que as crianças não devem ser incluídas. Resulta simplesmente de não terem acesso a nenhum modelo de uma boa prática que os possa orientar. é necessário qualquer catalisador para levantar esta questão – quer vindo de dentro quer de for a. O SCF e a ADD foram os elementos catalisadores em Douentza. Fizeram questão que as escolas comunitárias fossem inclusivas desde o seu início.

Sue Stubbs é uma consultora para a Deficiência do SCF e pode ser contactada em:
SC(UK), 17 Grove Lane, London, SE5 8RD, London, UK.
Fax: 44 (0)20 77032278
Email: i.lewis@scfuk.org.uk

Este artigo baseia-se em material compilado pela consultora de Educação do SFC, Marion Molteno e no pessoal do SCF:A versão ainda não editada deste artigo pode ser encontrada no site da EENE.: htto://www.eenet.org.uk

Barreiras Ultrapassando As Barreiras
1. Condições proporcionadas pelo Estado inadequadas
  • Procura de alternativas tais como apoios das comunidades e das ONG’s
  • Diálogo com a comunidade local
  • Colaboração en tre as ONG’s, as comunidades e o Estado
2. O facto de não ser considerada prioritária a educação das raparigas na cultura Mali
  • Foi tomada a decisão de garantir que 50% dos lugares nas escolas fossem destinados a raparigas
  • Um membro do grupo coordenador local (uma mulher) ficou com a responsabilidade de recrutar as raparigas
  • Grupos locais de teatro e de música foram utilizados para modificar as atitudes das comunidades locais sobre os rapazes e as raparigas
3. No Mali o governo, as ONG’s e as comunidades não consideram prioritário o acesso das crianças com deficiência à educação
  • Foi estabelecida uma colaboração com a ONG “Action on Disability and development” (ADD) para se fazer a identificação das crianças com deficiência e se aumentar a consciência sobre este problema
  • Foi tomada a decisão de, desde o início, se incluíram obrigatoriamente as criançolas com deficiência
  • Um membro do grupo coordenador ficou responsável pelo recrutamento das raparigas
  • Foram utilizados o teatro e o grupo de música locais para aumentar a consciência sobre o problema da deficiência e para mudar as atitudes em relação a ele.
4. Falta de transporte para as crianças com deficiência físicas se deslocarem á escola
  • Inicialmente um dos pais passou a levar a criança á escola.
  • A colaboração coma ADD possibilitará a entrega de triciclos às crianças que precisem deles.
5. Os pais são relutantes em trazer os seus filhos para for a de casa
  • Com o apoio da ADD foram feitas acções para esclarecimento e mudança de atitudes dos pais
  • Um membro do grupo de coordenação, em colaboração com a ADD, ficou responsável por recrutar as crianças (& as raparigas)
6. Falta de competência na área educacional nas aldeias
  • Foiconsiderado que era mais relevante para as crianças da aldeia os conhecimentos e a experiência das pessoas da localidade do que os profissionais da cidade das pessoas da aldeia
  • Foram seleccionadas pessoas da aldeia e posteriormente foram formadas
7. As comunidade locais são muito pobres e não têm tempo livre nem recursos
  • Se os membros da aldeia querem de facto um escola, essa é a base para se apoiar e manter a escola .
  • As pessoas da ladeia organizam-se para encontrar recursos para construírem as suas próprias casas e outros espaços em que vivem
  • Foi essencial o envolvimento de toda a comunidade desde os primeiros passos de análise e de planeamento
  • As contribuições da população tiveram lugar desde o início
  • Incluíram a construção da escola, a contribuição para o pagamento do salário dos professores e a responsabilidade pelo funcionamento geral.
8. Falta de conhecimento e de experiência em tornar a educação acessível ás crianças surdas
  • Treino e apeio continuado por parte da ADD. Avaliação realista da criança surda tendo em conta todos os aspectos da sua vida. Não tem sentido colocar na escola crianças surdas com mais idade.
  • trabalho com os pais e com as famílias de modo a desenvolver a sua comunicação com a criança surda.

“De início tínhamos o compromisso de incluir crianças com deficiência, mas de facto não acreditávamos que eles pudessem permanecer na escola. Agora já vimos por nós próprios e passámos do compromisso para a convicção.”